Entenda próximos passos do caso Leo Lins, que aguarda recurso em liberdade

Comediante condenado a oito anos e três meses de prisão por comentários considerados discriminatórios

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Reprodução/ Instagram

Condenado a oito anos e três meses de prisão por comentários considerados discriminatórios, feitos em uma apresentação de 2022 e exibida no YouTube, o humorista Leo Lins vai recorrer da decisão e segue em liberdade, com shows da turnê “Enterrado Vivo” agendados em mais de 20 cidades. Ele viaja pelo Brasil com a nova apresentação desde 12 de março, quando estreou em Belo Horizonte.O comediante só começaria a cumprir sua pena caso o processo tivesse transitado em julgado, isto é, sem não tivesse mais possibilidades de recurso. Leo Lins pode recorrer ainda em ao menos duas instâncias, o Tribunal Regional Federal e o Superior Tribunal de Justiça. Se sua pena for reduzida para menos de oito anos, ele não será mais obrigado a começar a cumpri-la em regime fechado.O advogado do humorista, Carlos Eduardo Ramos, disse à Folha de S.Paulo que buscará a absolvição de seu cliente nas próximas instâncias.Ramos afirmou que não esperava a sentença, porque, no seu entendimento, o processo apontava para uma absolvição. Negou que o show se enquadre no crime previsto pela lei 14.532, criada em 2023, que condenou o chamado racismo recreativo, isto é, praticado para a diversão. Acrescentou ainda que Leo Lins é um personagem e não representa Leonardo de Lima Borges Lins.O humorista também fez uma publicação nas redes sociais em que tira sarro da sua recente condenação à prisão na última segunda-feira. Publicou uma foto em que exibe um conjunto que teria recebido de alguns amigos, contendo itens como um celular, cigarros e mesmo algemas, que estariam ali presentes para que sejam utilizadas atrás das grades.”Isso é rir da minha desgraça. Vou processar! (Aviso: ironia)”, escreveu ele junto à foto, em sua publicação. Na imagem, a caixa aparece com o dizer, escrito em um papel pequeno, “kit cadeia”.- Saiba como é o stand-up ‘Perturbador’, estopim para condenação de Leo LinsO estopim do caso foi a apresentação “Perturbador”, de 2022, exibida no YouTube. Hoje, o vídeo está fora do ar no canal oficial do comediante, após ter sido suspenso em 2023, quando somava 3,3 milhões de visualizações. A apresentação, porém, circula na plataforma em outros canais, de forma não oficial.Nela, ele faz piadas com pessoas com deficiência, negros, idosos, obesos, pessoas que vivem com HIV, homossexuais, cristãos, indígenas, nordestinos e judeus. No início, por exemplo, ele diz que tem um “livro do humor negro”, no qual anota suas piadas, e que teria sido recusado por diversas editoras. “Esse livro ouviu mais ‘não’ que um estuprador”, diz. A plateia ri, e ele segue: “É dessa plateia que eu gosto. Cúmplices de um crime. Vou usar vocês no tribunal.”Também menciona as regiões do Brasil, à procura de seus representantes na plateia. Quando fala do Norte, brinca que no local não há civilização e que, no Nordeste, existem cidades tão pobres que recebem ajuda humanitária de países da África como a Somália.Em outro momento, conta uma série de piadas sobre pessoas gordas. “Todos falam dos problemas que o gordo sofre, mas ninguém fala dos problemas que o gordo causa”, afirma, antes de complementar que foi processado por gordofobia várias vezes e que uma das formas que uma pessoa acima do peso pode emagrecer é contraindo HIV.

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