Governo quer lucro da Petrobras para cobrir rombo fiscal, alerta gestor

O recente entusiasmo do mercado com a possibilidade de dividendos extraordinários da Petrobras reacendeu o interesse de investidores na companhia. A perspectiva de que o governo federal possa recorrer aos lucros da estatal para reforçar o caixa e viabilizar o ajuste fiscal tem sido vista como um fator de atratividade. No entanto, para o gestor da Bluemetrix, Renan Silva, o cenário ainda é permeado de incertezas — tanto no campo operacional quanto no político.

A política de dividendos da Petrobras tem sido bastante atrativa nos últimos anos, o que ajuda a manter o interesse dos acionistas. Mas é preciso fazer ressalvas quanto à governança e à ingerência do governo nas decisões estratégicas da empresa”, afirmou Renan em entrevista ao programa da BM&C News.

Segundo ele, o movimento do governo em considerar os dividendos da Petrobras como uma alternativa para ajudar a fechar as contas públicas revela uma mudança de postura. “Governos mais à esquerda passaram a compreender que, às vezes, é mais vantajoso participar dos lucros de uma empresa do que controlá-la totalmente”, disse.

Dividendos vs. capacidade de reinvestimento da Petrobras

Apesar da atratividade no curto prazo, Renan faz uma ponderação importante: o pagamento de dividendos extraordinários não parece estar totalmente alinhado ao desempenho operacional atual da empresa. “O petróleo está em patamares mais baixos que no ano passado. Hoje, especificamente, há uma alta de cerca de 2% no Brent, mas não é um cenário consistente de valorização.

O gestor também destacou que, embora a Petrobras tenha apresentado ganhos de capital represados, o atual momento poderia ser mais propício ao reinvestimento em novos projetos, sobretudo diante das limitações operacionais, como os desafios na exploração da Margem Equatorial, área estratégica para a companhia.

Risco fiscal e incerteza regulatória são calo no pé da Petrobras

Na análise de Renan, a possibilidade de distribuição de lucros acima do esperado também está ligada à necessidade do governo de buscar recursos, diante de um déficit primário persistente e da dificuldade de cumprir a meta fiscal. “Mesmo com alguma melhora nos números recentes, o risco de não cumprimento é elevado, especialmente porque há incerteza quanto à arrecadação futura, como no caso da tributação do IOF”, afirmou.

Ainda que a distribuição de dividendos possa gerar retorno para a sociedade e represente uma forma de o governo captar recursos sem recorrer a novos impostos, Silva alerta: “O investidor precisa estar atento aos riscos de interferência política e à sustentabilidade dessa política de dividendos no médio prazo.”

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