Entre balanços positivos e risco fiscal: o dilema das ações brasileiras segundo o BofA

O Bank of America (BofA) rebaixou a recomendação para ações brasileiras em seu portfólio latino-americano, passando de “overweight” para “market-weight” – ou seja, de exposição acima da média para uma posição neutra. A mudança, anunciada nesta quarta-feira (11), marca a primeira vez desde 2022 que o banco adota uma postura mais cautelosa em relação à bolsa local.

De acordo com os estrategistas do BofA, incluindo David Beker, a decisão foi motivada por fatores como o enfraquecimento de gatilhos domésticos, uma visão mais conservadora sobre petróleo e minério de ferro – commodities que sustentam o desempenho das ações brasileiras – e preocupações com a instabilidade fiscal e o cenário eleitoral de 2026.

Alta recente da bolsa brasileira não impediu rebaixamento

O corte acontece mesmo após o bom desempenho da bolsa neste ano: o Ibovespa acumula alta de mais de 13%, enquanto o índice MSCI Brasil sobe mais de 20%, refletindo o apetite de investidores por ativos fora dos Estados Unidos e o fim esperado do ciclo de alta de juros no país.

Apesar do rebaixamento, o BofA reconhece avanços na gestão corporativa das empresas brasileiras. O banco destaca a simplificação dos balanços e os bons resultados do primeiro trimestre, e recomenda manter exposição a ações ligadas ao mercado doméstico, incluindo a farmacêutica Hypera, adicionada à carteira da região.

Contudo, o alerta permanece: a baixa visibilidade sobre as taxas de juros de longo prazo e a contínua fragilidade fiscal podem limitar o potencial de valorização das ações brasileiras nos próximos trimestres. Em meio a um cenário global volátil, investidores institucionais demonstram crescente cautela com o Brasil.

Juros e fragilidade fiscal mantêm pressão sobre ações brasileiras

Para André Matos, CEO da MA7 Negócios, o rebaixamento reforça a percepção de risco por parte do investidor estrangeiro. “A imprevisibilidade das taxas de juros e a sensibilidade das commodities agravam a percepção sobre as ações brasileiras. Nesse ambiente, a busca por soluções estruturadas, como monetização de ativos e créditos recuperacionais, ganha ainda mais relevância para preservar liquidez e atravessar o período com solidez”, avalia.

Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, também vê o movimento como um reflexo das incertezas políticas e fiscais. “O corte do BofA sinaliza o que já vínhamos observando: a atratividade das ações brasileiras está sendo pressionada. Em momentos como esse, eficiência operacional e inteligência fiscal tornam-se diferenciais competitivos para as empresas enfrentarem a volatilidade e até crescerem durante o ajuste de mercado”, afirma.

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