PPI dos EUA desacelera e reforça expectativa de cautela: “dado não ajuda o FED” diz especialista

Inflação nos EUA acelera no 4º trimestre: PCE sobe 2,5%

O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos subiu 0,1% em maio, após uma queda revisada de 0,2% em abril, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (12) pelo Departamento do Trabalho. O resultado veio abaixo das expectativas do mercado, que projetavam um avanço mais forte na inflação do atacado.

Na comparação anual, o PPI avançou 2,6%, em linha com o consenso e ligeiramente acima da leitura anterior revisada para 2,5% (ante 2,4% inicialmente reportado). O dado reforça uma visão de inflação ainda presente na cadeia de produção, mas sem aceleração significativa.

Núcleo do PPI avança menos do que o esperado

Ao se excluir os componentes mais voláteis, que são alimentos e energia, o núcleo do PPI também registrou alta de 0,1% em maio, após recuo de 0,2% em abril. O dado veio abaixo da expectativa de 0,3%, o que pode aliviar preocupações do Federal Reserve em relação a pressões inflacionárias persistentes nos preços subjacentes.

Já o PPI que exclui alimentos, energia e serviços comerciais, indicador considerado mais estável para medir pressões de demanda, também teve avanço de 0,1%, após queda de 0,1% em abril. Na comparação com maio do ano passado, esse índice acumulou alta de 2,7%, desacelerando frente aos 2,9% registrados na leitura anterior.

Os dados reforçam a leitura de que a inflação no atacado segue contida, sem indicar um repique que exija mudanças imediatas na política monetária. O Federal Reserve avalia os dados com atenção, especialmente em um momento em que as decisões sobre cortes de juros seguem condicionadas ao comportamento da inflação e do mercado de trabalho.

PPI: Energia e alimentos distorcem leitura da inflação, alerta Fábio Fares

Segundo Fábio Fares, especialista em análise macroeconômica, os dados recentes do PPI devem ser interpretados com cautela, pois os principais fatores deflacionários, energia e alimentos, são altamente cíclicos e, portanto, pouco confiáveis como indicativos estruturais para a política monetária. Fares avalia que a deflação observada em meses anteriores pode ter sido transitória, refletindo choques pontuais nos preços de energia.

Ele ressalta que pressões inflacionárias persistentes em segmentos como metais e serviços especializados indicam uma inflação heterogênea. Nesse contexto, embora os dados apoiem uma postura monetária menos restritiva no curto prazo, será essencial que o Federal Reserve mantenha um monitoramento atento de setores específicos, com ênfase na dinâmica energética global, que continua sendo um dos principais vetores de incerteza para a trajetória inflacionária.

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