Após cobrar dívida por ambulâncias, ‘Pica-Pau’ é notificado pela PMM

Por RODRIGO DIAS

O empresário Paulo Ronaldo Rêgo (foto de capa), proprietário da Oficina Pica-Pau, especializada em manutenção de ambulâncias, foi notificado pela Prefeitura de Macapá na última quarta-feira (11) para prestações de contas de tributos municipais.

A ação ocorreu dias após Rêgo denunciar publicamente que a prefeitura deve mais de R$ 600 mil à sua oficina por serviços prestados, o que resultou na paralisação das quatro ambulâncias de Unidade de Suporte Básico (USB) do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) municipal.

Ronaldo Rêgo descreveu a notificação como uma intimidação.

“Chegaram três agentes, rapaz, se tu olhasse parecia uma equipe da Polícia Federal, peito estufado, brasão no peito, entraram na sala”, relatou o empresário.

Grupo de agentes do munícipio teria ido até oficina entregar notificação. Fotos: Rodrigo Dias/SN

Ele não estava na oficina no momento, e os agentes entregaram a notificação a seus irmãos, concedendo um prazo de dez dias para que ele apresente a documentação. “Segundo meus funcionários saíram com aquela cara de sádico, o fiscal rindo dentro da sala. É complicado, você faz um serviço, mantém seu contrato na íntegra”, desabafou.

O empresário, que presta serviços à prefeitura há quase 14 anos, desde a gestão de Roberto Góes, afirma nunca ter tido problemas de recebimento ou com seus contratos até agora. Ele enfatiza que tem duas certidões negativas da prefeitura, tanto mobiliária quanto imobiliária, o que contradiz a alegação de débitos fiscais.

Notificação…

 … porém certidões…

… contradizem suposta situação de dívida com o município

Dívida milionária e Samu parado

A notificação chega em um momento crítico. Há cinco meses, a Oficina Pica-Pau acumula uma dívida superior a R$ 600 mil pelos serviços de manutenção e fornecimento de peças para as ambulâncias do Samu.

A falta de pagamento levou à paralisação total da frota de Unidades de Suporte Básico, deixando a população de Macapá desassistida em atendimentos de urgência.

As quatro ambulâncias de suporte básico são responsáveis por uma média de 112 atendimentos diários, e sua inatividade sobrecarrega as unidades de suporte avançado do Estado.

Enquanto dívida chega a mais de meio milhão de reais…

 

… ambulâncias seguem paradas

Ronaldo Rêgo explicou que vinha arcando com os custos de manutenção por conta própria nos últimos meses para não prejudicar a população, mas chegou a um ponto em que não conseguiu mais.

“Mantive por quatro, cinco meses sem receber, em prol da população carente que precisa, mas chegou um ponto em que não consegui mais. Tive que parar”, afirmou.

A situação gerou indignação na capital amapaense, especialmente com a proximidade do Macapá Verão e a manutenção da programação de shows pela prefeitura, enquanto um serviço essencial como o Samu colapsa.

Empresário conta que chegou a arcar com custos da manutenção dos veículos

O empresário espera o pagamento do município para se regularizar junto a receita federal. O detalhe, é que estranhamente só a empresa de Pica-pau foi notificada. Há ainda a informação de que a prefeitura levou uma ambulância para consertar em uma oficina no bairro do Pacoval com urgência, entretanto, o contrato é com oficina de Ronaldo.

“Tem dinheiro para fracionar o serviço, pra me pagar não. Creio que além de gerar fracionamento de despesa é improbidade administrativa”, finalizou.

Até o momento, a Prefeitura de Macapá não se pronunciou oficialmente sobre a dívida ou a paralisação das ambulâncias.

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