BPC pode superar Bolsa Família nos próximos anos e preocupa governo Lula

O Benefício de Prestação Continuada (BPC) tem ganhado destaque nas discussões sobre políticas sociais e orçamento público no Brasil em 2025. O programa, destinado a idosos e pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade, apresenta crescimento expressivo nos últimos anos, tornando-se uma das principais despesas do governo federal. Esse aumento tem chamado a atenção de autoridades e especialistas, especialmente diante da possibilidade de o BPC ultrapassar o Bolsa Família em volume de recursos nos próximos anos.

O BPC é um direito garantido pela Constituição e pago pelo Tesouro Nacional, beneficiando atualmente milhões de brasileiros. O valor mensal corresponde a um salário mínimo, e para ter acesso é necessário comprovar renda familiar per capita igual ou inferior a um quarto do salário mínimo. Mudanças recentes na legislação e decisões judiciais têm ampliado o acesso ao benefício, impactando diretamente o orçamento federal.

Por que o BPC está crescendo mais rápido que o Bolsa Família?

Nos últimos anos, o ritmo de crescimento do BPC superou o do Bolsa Família, tradicional programa de transferência de renda do país. Enquanto o Bolsa Família apresenta estabilidade e até redução em determinados períodos, o BPC segue em trajetória ascendente. Em abril de 2025, o gasto mensal com o BPC chegou a R$ 10,7 bilhões, um aumento real de 10% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Esse avanço é atribuído a uma combinação de fatores. Entre eles, destacam-se mudanças legais que flexibilizaram critérios de concessão, decisões judiciais que ampliaram o acesso e ajustes operacionais que simplificaram o processo de solicitação. Além disso, o envelhecimento da população brasileira contribui para o aumento do número de beneficiários idosos, enquanto a inclusão de pessoas com deficiência também se intensificou.

Quais alterações legais impactaram o Benefício de Prestação Continuada?

Diversas leis e portarias publicadas desde 2020 modificaram as regras do BPC, facilitando o acesso ao benefício. A Lei nº 13.982/2020, por exemplo, alterou o critério de renda per capita, permitindo que mais famílias se enquadrem nos requisitos. Outras normas autorizaram a realização remota de avaliações sociais e médicas, simplificaram a dedução de gastos e permitiram o acúmulo do BPC com outros programas de transferência de renda.

  • Lei nº 13.982/2020: Ampliou o critério de renda e excluiu do cálculo certos benefícios recebidos por outros membros da família.
  • Lei nº 14.176/2021: Introduziu avaliações remotas e critérios de vulnerabilidade.
  • Lei nº 14.601/2023: Autorizou o acúmulo do BPC com outros benefícios sociais.
  • Lei nº 14.724/2023: Facilitou avaliações médicas por meio remoto e análise documental.
  • Lei nº 14.809/2024: Excluiu do cálculo da renda valores recebidos por rompimento de barragens.

Essas mudanças resultaram em maior inclusão de beneficiários, tornando o programa mais acessível e menos burocrático. A obrigatoriedade do pagamento, determinada por lei, também limita a possibilidade de controle do gasto público, já que todos que atendem aos critérios têm direito ao benefício.

Cartão do Bolsa Família – Créditos: depositphotos.com / rafapress

O BPC pode superar o Bolsa Família em volume de recursos?

Projeções indicam que, mantido o ritmo atual de crescimento, o BPC poderá ultrapassar o Bolsa Família em volume de recursos entre 2029 e 2031. Essa tendência é reforçada pelo envelhecimento da população e pela ampliação dos critérios de elegibilidade. Em 2024, o BPC já era pago a 6,4 milhões de pessoas, número que segue em expansão.

Enquanto isso, o Bolsa Família apresentou retração no mesmo período, com redução no número de famílias beneficiadas devido à melhora de renda e à queda do desemprego. O valor médio do Bolsa Família em 2025 é de R$ 667,49, enquanto o BPC corresponde a um salário mínimo, atualmente em R$ 1.518,00.

Quais são os desafios fiscais e sociais do crescimento do BPC?

O aumento das despesas com o BPC representa um desafio para o equilíbrio fiscal do país. Como o benefício é obrigatório, o governo precisa garantir recursos para todos os elegíveis, o que pode pressionar o orçamento e limitar investimentos em outras áreas. Além disso, especialistas apontam que o BPC, apesar de essencial para a proteção social, tem impacto limitado na redução da pobreza em comparação com programas como o Bolsa Família, que alcançam um público mais amplo.

Para lidar com esse cenário, o governo e o Congresso discutem alternativas que conciliem a sustentabilidade fiscal com a garantia de direitos. Entre as possibilidades estão a revisão de critérios, aprimoramento dos mecanismos de fiscalização e busca por maior eficiência na gestão dos programas sociais.

O cenário atual reforça a importância de monitorar o crescimento do BPC e de buscar soluções que assegurem a proteção dos mais vulneráveis, sem comprometer a saúde das contas públicas. O debate sobre o futuro do benefício deve permanecer em destaque nos próximos anos, acompanhando as transformações demográficas e sociais do Brasil.

O post BPC pode superar Bolsa Família nos próximos anos e preocupa governo Lula apareceu primeiro em BM&C NEWS.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.