O que o ataque de Israel ao Irã significa para o petróleo e para o Brasil? Veja a análise

A escalada no conflito entre Israel e Irã trouxe um novo nível de incerteza geopolítica, com o ataque aéreo israelense a instalações nucleares iranianas e a morte de membros do alto escalão do regime de Teerã. O ataque despertou uma reação imediata nos mercados globais, especialmente no mercado de petróleo, com os preços subindo quase 9% pela manhã, à medida que investidores tentavam precificar os riscos geopolíticos associados ao Estreito de Ormuz — uma das rotas mais importantes para o comércio global de petróleo.

Alê Delara, sócio-diretor da Pine Agronegócio, comentou os desdobramentos dessa situação em uma entrevista à BM&C News, destacando os fatores críticos que podem moldar o comportamento do mercado de commodities energéticas.

O Estreito de Ormuz é crucial para o mercado de petróleo, com 30% da produção mundial transacionada por essa região. A interrupção dessa rota vital seria um golpe severo para a economia global”, afirmou Alê de Lara.

A importância do estreito de Ormuz para o petróleo: ponto de tensão geopolítica

O Estreito de Ormuz conecta o Golfo Pérsico ao resto do mundo e serve como a principal via de exportação de petróleo da região. Cerca de 20% do petróleo global transita por esta rota, e qualquer interrupção poderia gerar uma volatilidade significativa nos preços. Delara acredita, no entanto, que o risco de fechamento do estreito hoje é menor do que no passado, uma vez que o Irã tem uma diplomacia mais ativa e a perda econômica seria imensa para o próprio país.

Apesar de ser um risco que o mercado monitora, o fechamento do estreito de Ormuz seria uma medida drástica, e o Irã, que hoje tem simpatia de alguns parceiros na região, tem mais a perder do que ganhar com essa interrupção“, analisa o especialista.

Ainda assim, ele aponta que o Irã poderia buscar outras formas de interferir na produção global de petróleo, como ocorreu anteriormente com o Iraque, que interrompeu a produção na época da queda de Saddam Hussein.

Impacto para o Brasil: petróleo e exportações para o Irã

O Brasil também está no radar, dado o peso das exportações brasileiras para o Irã. O Irã é o maior comprador de milho do Brasil, e mais de 35% das exportações de milho do país são destinadas ao regime iraniano. Além disso, o Irã é um importante produtor de fertilizantes no cenário global, o que reforça a relevância do mercado iraniano para a agricultura brasileira.

O Irã é essencial para o Brasil não apenas como destino de exportação de produtos agrícolas, mas também como parceiro estratégico na produção de fertilizantes. Um agravamento dessa situação pode impactar a balança comercial do Brasil”, destaca Alê Delara.

O que esperar para o mercado de petróleo

A situação, embora ainda incerta, gera grande volatilidade no mercado de petróleo. As defesas israelenses estão preparadas para possíveis contra-ataques iranianos, mas a primeira retaliação foi pequena, sem grandes efeitos. A principal dúvida, no entanto, está em como o Irã responderá nos próximos dias. O mercado já antecipou a alta dos preços do petróleo, mas a tensão deve continuar dependendo das respostas políticas e militares de ambos os lados.

Agora, o mercado segue monitorando as respostas do Irã. Se o país decidir escalar o conflito, os preços do petróleo podem continuar a subir, com efeitos diretos nas economias globais”, conclui Alê Delara.

Impacto dos ataques a instalações do Irã no mercado de petróleo

O Prof. Dr. João Alfredo Nyegray analisa que a recente escalada do conflito entre Israel e Irã pode desencadear uma instabilidade prolongada no mercado de petróleo, afetando diretamente economias dependentes de importações de energia, como o Brasil. Segundo o especialista, “a volatilidade dos preços do petróleo tende a aumentar“, principalmente se o Irã decidir bloquear ou restringir o fluxo no Estreito de Ormuz, uma das principais rotas de transporte de petróleo do mundo.

Nyegray destaca que, “no Brasil, isso se traduz em pressões inflacionárias adicionais“, especialmente nos custos de combustíveis e alimentos, que já enfrentam um cenário desafiador. Ele também alerta para a possibilidade de reajustes contínuos na política de preços da Petrobras, o que pode ampliar as tensões políticas internas e comprometer ainda mais a competitividade do país no mercado global.

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