João Rock: do reggae ao hip hop, grandes nomes misturam ritmos e reforçam poder da brasilidade


Principal palco do evento teve diferentes gerações e estilos em Ribeirão Preto (SP). Evento reuniu 58 mil pessoas em maratona musical de 14 horas. Palco João Rock – João Rock 2025 em Ribeirão Preto
Legado, diversidade e brasilidade são algumas das palavras que ajudam a resumir a sequência de 11 shows conferidos por 58 mil pessoas ao longo de 14 horas de música no Palco João Rock, o principal espaço de apresentações de um dos maiores festivais de música do país, realizado até a madrugada deste domingo (15) em Ribeirão Preto (SP).
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Entre grandes nomes da música brasileira, várias gerações foram cantadas por artistas que colecionam décadas de sucessos. Além do reggae, do hip hop e do rock, dominantes no line-up, os próprios artistas abriram espaço para outros ritmos nos setlists, com direito a participações e homenagens, como quando Rodrigo Suricato lembrou de Raul Seixas no repertório do Barão Vermelho e Marcelo Falcão entoou Legião Urbana.
Isso, sem contar as influências de fora trazidas para nosso território musical, como Bob Marley, bem lembrado por Cidade Negra e Rael. Em sua turnê de 40 anos de carreira, Nando Reis mostrou as composições da trajetória solo, mas não deixou de fora hinos do pop rock nacional do eterno Titãs, como “Marvin” e “Cegos do Castelo.”
O festival recebeu ainda a última apresentação da banda brasiliense Natiruts, ao menos no João Rock. Desfilando hits e emocionando o público, o grupo reuniu no repertório três décadas de trajetória em uma apresentação memorável em clima de despedida. A banda encerra a trajetória em agosto, em Brasília (DF).
Ao cair da madrugada, BaianaSystem e Planet Hemp fecharam com uma potente combinação de versos e batidas para manter os ânimos aquecidos. Seu Jorge, que havia tocado no Palco Brasil, ainda deu as caras no palco principal, fazendo a flauta transversal para Marcelo D2 e companhia.
A seguir, veja o que rolou em cada show do Palco João Rock
Levinsk é bicampeã da Batalha da Aldeia
Venere Vai Venus estreia no João Rock
Maneva: reggae e romantismo no palco
Rael, FBC e Rincon Sapiência: encontro de potências
Barão Vermelho: guardiões do rock anos 80
Cidade Negra e Playing For Change emanam mensagem de paz
Marcelo Falcão: de joelho lesionado, mas cheio de energia
Natiruts: defesa da cannabis medicinal e clima de despedida
Nando Reis: gerações de sucesso e legado musical
BaianaSystem: energia e ancestralidade no palco
Planet Hemp: visual verde no palco e participações especiais
Levinsk é bicampeã da Batalha da Aldeia
Batalha da Aldeia abriu a edição de 2025 do João Rock em Ribeirão Preto, SP
Igor do Vale/g1
Abrindo os trabalhos no palco principal do João Rock 2025, a terceira edição da “Batalha da Aldeia” incendiou o palco logo nas primeiras horas. O calor de Ribeirão Preto (SP) não ficou apenas no clima: virou verso e provocação nas rimas que eletrizaram o público.
No ringue do freestyle, quatro MCs entraram em cena: Ajota, Levinsk, Apollo e Guri. Com raciocínio afiado, referências aos artistas do line-up e muita atitude, transformaram o festival em uma verdadeira arena urbana. Por instantes, o João Rock virou Barueri, berço das batalhas na Grande São Paulo.
Repetindo o duelo da edição de 2024, a final foi novamente protagonizada por Levinsk e Apollo, dois dos maiores campeões da história da batalha. De um lado, Levinsk, cantora e atriz reconhecida por seu papel na série “Sintonia”. Do outro, Apollo, jovem MC de 22 anos e uma das promessas da cena nacional.

Em meio às rimas afiadas, o clima era de revanche: Apollo queria devolver a derrota do ano anterior. Mas a história se repetiu. Levinsk conquistou a vitória, com direito a uma rima profética logo no primeiro round: “A força feminina ganhando no João Rock pela segunda vez consecutiva”, declarou.
Promessa feita. Promessa cumprida. A força feminina venceu mais uma vez e consagrou a MC como bicampeã da Batalha da Aldeia no João Rock.
Venere Vai Venus estreia no João Rock
Venere Vai Venus abriu a programação de bandas do Palco João Rock 2025 em Ribeirão Preto (SP).
Igor do Vale/g1
“Isso é rock de verdade.” Com essa declaração enérgica, a vocalista Lua Dultra deu início ao show da banda Venere Vai Venus, campeã do concurso do João Rock, marcando sua estreia no palco do festival.
O repertório não poderia ser outro: músicas do recém-lançado álbum “Divino”. Acompanhada por uma plateia calorosa, a banda fez uma estreia memorável, cheia de atitude.
Canções como “Ciúme” e “Deusa” estavam na ponta da língua do público, que acompanhou os versos apaixonados em coro. As composições intensas e a performance marcante chamaram a atenção logo nos primeiros acordes.
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Formada em São Paulo, a Venere Vai Venus é composta por Lua Dultra (vocal), Avila (guitarra), Rey Sky (baixo) e Caio Luigi (bateria). O grupo traz influências do rock das décadas de 1960 e 1970, do alternativo dos anos 1990, do Tropicalismo e de ícones como Barão Vermelho, também presente no line-up do festival.
Para a estreia no festival, a banda contou com a participação especial no coral da cantora Luna, sucesso nas redes sociais.
Maneva: reggae e romantismo no palco
Maneva se apresenta no João Rock 2025, em Ribeirão Preto (SP)
Érico Andrade/g1
Pontualmente e ao som de “Saudades do tempo”, Maneva entrou no palco chamando a galera pra cantar junto, destacando a importância do festival na carreira do grupo, que está comemorando 20 anos.
“É o seguinte João Rock, eu queria que vocês dançassem como quiserem, como se cantassem no chuveiro. Devemos ter orgulho. Somos brasileiros”, brincou o vocalista Tales, antes das primeiras notas de “Uma brasileira”.
Na sequência, com “Daquele jeito” e “Cheiro das flores”, a banda colocou de vez o festival na vibe do reggae. Com “Seja pra mim”, de 2017, e “Luz que me traz paz”, de 2012, levou os fãs para um clima romântico e deu espaço para o som da guitarra de Felipe Sousa brilhar.
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Ainda no clima de paixão, diversos casais apareceram no telão quando Tales incentivou o abraço entre os apaixonados. Mudando o tom, “Me leva”, do repertório mais recente, mostrou como a banda continua conquistando um público fiel.
“Que honra estar no maior festival de musica brasileira. Viva o João Rock por manter vivas as raízes do som do Brasil. Porque aqui só pisa quem é local”, vibrou Tales, que também conseguiu uma explosão de vozes do público ao transformar o forró “Anunciação”, de Alceu Valença, em reggae.
Prestes a terminar, o grupo reviveu sucessos com “Pisando Descalço” e “Tô de pé”.
Rael, FBC e Rincon Sapiência: encontro de potências
Rael convidou FBC e Rincon Sapiência ao palco do João Rock, em Ribeirão Preto (SP).
Érico Andrade/g1
Encontro de potências. O Palco João Rock protagonizou um desfile de hits durante o entardecer, com a apresentação de Rael, Ricon Sapiência e FBC. O trio dividiu o microfone em um show que foi muito além da soma de vozes.
Juntos, os artistas combinaram ritmos, atitude, gêneros musicais e manifestações políticas, entregando um espetáculo de diversidade que fez o Parque Permanente de Exposições vibrar.
Rael abriu a apresentação com hits de tirar o fôlego: “Ser Feliz”, “Flor de Aruanda”, “Aurora Boreal” e “Rouxinol” foram as escolhidas.
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Já no palco, Ricon Sapiência e FBC trouxeram ainda mais dinamismo com “Na Pista Sem Lei”, lançada em novembro de 2024. Aproveitando o momento, o rapper mineiro FBC pediu desculpas pelo improviso ao chamar o público em manifestação: “Palestina livre e Bolsonaro preso”, disse antes de deixar o palco.
Rafael seguiu apresentando, em primeira mão, faixas do novo álbum “Onda”, recheado de feats com Ivete Sangalo, Marina Sena e Mano Brown. O encerramento ficou por conta dos clássicos “Envolvidão” e “Sempre”.
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Barão Vermelho: guardiões do rock anos 80
Público acompanha show do Barão Vermelho no João Rock 2025, em Ribeirão Preto (SP)
Érico Andrade/g1
Quando um vídeo com vários tons de vermelho começou a ser exibido nos telões, o público soube que era o rock chegando ao palco principal. Ao som do clássico “Maior abandonado”, os integrantes da Barão Vermelho apareceram prontos para entregar uma sequência de clássicos.
“O Brasil já sabe o que cantar há 43 anos”, afirmou Rodrigo Suricato, enquanto entoava “Bete balanço”.
Depois, seguindo com “Por que a gente é assim?” e “Pense e dance”, o vocalista reconheceu as várias fases do grupo – cujos registros fotográficos ficaram sendo exibidos durante todo o show – e a conexão com o festival mesmo antes dele assumir os vocais em 2017, após a saída do Frejat.
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“A história do Barão, assim como do rock nacional, é uma história de resistência”, garantiu o vocalista, brincando que já conseguiu aguentar o grupo por mais tempo que Cazuza – lembrado também com “O tempo não para”.
Dando um show à parte na bateria, Guto Goffi entregou um belo solo para colocar a galera no clima de “Meus bons amigos”, seguido por “O poeta está vivo”, ambas oportunidades para Suricato e Fernando Magalhães também demonstrarem seus talentos na guitarra e violão.
Faltava, então, um momento especial para o tecladista Maurício Barros, que veio com a balada “Down em mim”. Dedicada a todos os artistas que tocam em bares e restaurantes, Suricato cantou “Por Você”, em uma versão inicialmente acústica, antes de passar os vocais para Magalhães.
No grupo desde sua fundação, o artista ficou responsável por fazer uma versão rock’n’roll de “Malandragem Dá Um Tempo” e por entoar o clássico de sua autoria, em parceria com Frejat, “Amor Pra Recomeçar”. O show chegou ao fim e o rock se despediu do palco nas notas de “Puro êxtase” e “Pro Dia Nascer Feliz”.
Cidade Negra e Playing For Change emanam mensagem de paz
Cidade Negra e “Playing For Change” fazem parceria no Palco João Rock, em Ribeirão Preto (SP).
Igor do Vale/g1
Referência no reggae nacional, o Cidade Negra protagonizou um encontro inédito no palco do João Rock , com o coletivo internacional “Playing For Change”.
Milhares de vozes se uniram em coro, embaladas por boas vibrações e pela chegada calorosa da banda da Baixada Fluminense e do coletivo internacional “Playing For Change”, movimento musical fundado em 2002 que tem projetos sociais em todo o mundo.
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Clássicos como “Girassol”, “Firmamento” e “Pensamento” ecoaram no Palco Permanente de Exposições e Toni Garrido resumiu a experiência como uma “frequência de amor”.
A noite também foi marcada por mais um encontro especial. O cantor Rael, que se apresentou mais cedo no festival, foi convidado ao palco em um momento de descontração ao som de “O Erê”.
Marcelo Falcão: de joelho lesionado, mas cheio de energia
Marcelo Falcão cantou hits e animou plateia no João Rock 2025, em Ribeirão Preto, SP
Igor do Vale/g1
Na mixagem de uma pick-up, um DJ convocou Marcelo Falcão para o palco, que já chegou exaltando suas participações no festival.
“Acabei de saber que eu com O Rappa e sozinho também foi um dos artistas que mais tocou aqui. Eu me sinto honrado, porque o palco é sagrado”, garantiu o artista, antes de começar o setlist com “Vitória”.
Segundo Falcão, a música também representava o seu momento no palco. Ele conseguiu se apresentar apesar de uma lesão no ligamento do joelho que o fez cancelar sua participação na Virada Cultural recentemente.
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No palco, além do DJ, uma banda completa e efeitos especiais com fogo acompanharam o ritmo explosivo do cantor, colocando o público na mesma vibe, principalmente em “Minha Alma” e “Quando Você Olhar Pra Mim”.
Falcão não deixou a energia cair com músicas cheias de swing que foram de “Lado A Lado B” até “Hey Joe”, quando chamou uma convidada para assumir a bateria. “Hoje, sempre que encontro novas gerações, faço questão de abrir o palco, porque ninguém é para sempre. Então, fiz o desafio para ela tocar comigo”, declarou sobre a convidada, identificada apenas como Dedé.
Falcão ainda levou “Ainda é Cedo”, do Legião Urbana, em uma versão acústica, para a qual pediu a guitarra emprestada aos companheiros de banda. O encontro de gerações também ficou nítido entre os fãs, que se juntaram no coro de “Céu aberto”, parceria de 2021 com Hungria, e “Vapor Barato”, direto de 1996.
As vozes ficaram ainda mais fortes durante “Pescador de Ilusões” e “Anjos”, grandes sucessos d’O Rappa.
Natiruts: defesa da cannabis medicinal e clima de despedida
Natiruts se apresenta no João Rock 2025, em Ribeirão Preto (SP)
Érico Andrade/g1
Em sua última participação no evento, o grupo brasiliense emocionou milhares de fãs com um espetáculo memorável.
Com o fim da turnê marcado para 2 de agosto, em Brasília (DF), o show celebrou o sucesso de mais de três décadas de história da banda. O repertório passeou por sucessos que marcaram gerações, com abertura vibrante ao som de “Presente de um Beija-Flor”, seguida por clássicos cantados em coro pelo público, como “Sorri, Sou Rei”.
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A apresentação foi dividida em três atos, marcados pelas trocas de figurino do vocalista. Os dois primeiros embalaram o público com emoção e nostalgia, com destaque para faixas como “Dois Planetas”. No terceiro, a energia tomou conta do palco, encerrando o espetáculo em alta.
Durante o show, Alexandre Carlo ainda aproveitou para sair em defesa da legalização da cannabis medicinal no país.
Nando Reis: gerações de sucesso e legado musical
Nando Reis celebra 40 anos de carreira no João Rock 2025 em Ribeirão Preto (SP).
Érico Andrade/g1
Nando Reis levou sua comemoração de 40 anos para o palco do João Rock. A história começou a ser contada de trás para frente, com “Rio Creme”, lançada em 2024, abrindo o setlist. Na sequência, grandes sucessos e ícones do rock nacional, como “Marvin” e “O Segundo Sol”, com arranjos ligeiramente mais rock’n’roll.
Ao seguir a apresentação com “Cegos no Castelo”, Nando dividiu os vocais com seu filho Sebastião, que hoje integra a banda que o acompanha em turnê.
No violão, o herdeiro ajudou na execução de todos os hits do pai, incluindo “Por Onde Andei”, “Pra Você Guardei o Amor” e “All Star”, que Nando revelou ter feito lembrando sua amizade com Cássia Eller.
BaianaSystem: energia e ancestralidade no palco
Russo Passapusso, vocalista do Baianasystem, durante apresentação no João Rock 2025, em Ribeirão Preto (SP)
Érico Andrade/g1
Marcado por referências a ritmos ancestrais, o espetáculo do BaianaSystem começou com “Céu Azul”. Na sequência, quando “Cabeça de Papel” tocou, a banda teve a companhia de um personagem inspirado pela música, que deixou o palco antes do hit “A mosca”, quando vocais femininos se destacaram pela primeira vez.
As diferentes vozes também serviam para marcar a energia explosiva na banda soteropolitana, a exemplo de “Reza forte”.
As raízes africanas apareceram ainda mais fortes durante a execução de “Balacobaco”, na qual, também por meio das imagens, o Baiana narrou diferentes influências ancestrais na cultura brasileira.
E também na defesa desse legado brasileiro, a música “Saci” levou tal figura mitológica para o palco, enquanto fãs abriram rodas na multidão para dançarem juntos.
Planet Hemp: visual verde no palco e participações especiais
Planet Hemp se apresenta no João Rock 2025, em Ribeirão Preto (SP).
Igor do Vale/g1
Um “mosh pit” se formou diante do palco principal do João Rock na madrugada de domingo (15), durante a apresentação do Planet Hemp. Logo ao subir no palco, Marcelo D2 convocou o público a liberar a energia e deu início à primeira roda, que tomou conta da plateia.
Para a apresentação em Ribeirão Preto, a banda levou parte do repertório da turnê “Baseado em Fatos Reais: 30 anos de Fumaça”, lançada em 2024. Foi com a potente “Distopia” que os fãs começaram a se agitar no centro do mosh.
A cenografia teve papel central na imersão do show. Com efeitos visuais e um cenário que remetia às Green Houses e aos Jardins Suspensos da Babilônia, o espetáculo mergulhou o público em uma atmosfera psicodélica, provocativa e fiel à identidade do grupo.
Houve ainda uma dobradinha com a banda BaianaSystem, antes das rodas se multiplicarem pelo Parque Permanente de Exposições ao som de faixas clássicas, como “Jardineiro”, “Hip Hop Rio”, “100% hardcore” e “Legalize Já”.
O show ainda contou com a participação de Seu Jorge, tocando flauta transversal e cantando, além de uma homenagem ao Charlie Brown Jr, com a canção “Samba makossa”, gravada em parceria do D2 com a banda de Santos em 2003, em um acústico MTV.
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