Primeiro-ministro francês é deposto em voto de desconfiança

Nesta quarta-feira (4), o Parlamento francês aprovou uma moção de desconfiança contra o primeiro-ministro Michel Barnier, derrubando seu governo após apenas três meses no poder. Com 331 votos favoráveis, de um total de 577 parlamentares, a decisão torna Barnier o líder com o mandato mais curto da história da França. A última vez que um governo foi deposto dessa forma foi em 1962.

A medida, que reflete uma profunda crise política, ocorre em um momento de crescente tensão no país devido ao déficit orçamentário e às divisões internas no Parlamento. Enquanto isso, o gabinete atual atuará de forma interina até que o presidente Emmanuel Macron nomeie uma nova liderança para enfrentar os desafios econômicos e políticos da nação.

A estratégia que custou o cargo de Barnier

O ponto de ruptura foi a tentativa de Barnier de aprovar parte do Orçamento de 2025 utilizando um mecanismo constitucional controverso, que contornou uma votação no Parlamento. A proposta visava reduzir o déficit para 5% no próximo ano, por meio de cortes de gastos e aumentos de impostos que totalizariam 60 bilhões de euros.

Entre as medidas mais polêmicas estavam os atrasos nos ajustes de pensões alinhados à inflação, gerando forte oposição de ambos os lados do espectro político. A estratégia deu aos parlamentares a oportunidade de apresentar moções de desconfiança, resultando na queda do governo.

União inesperada da oposição

A moção uniu partidos de esquerda e de direita, um movimento raro na política francesa. Marine Le Pen, líder do partido Reunião Nacional, criticou Barnier por sua “obstinada adesão ao dogma e à doutrina”. Durante o debate, Le Pen também dirigiu críticas ao presidente Macron, questionando se ele colocaria “o bem-estar público acima de seu ego”.

Impactos e próximos passos

Com a queda de Barnier, a França entra em um período de incerteza. A crise política se soma a um cenário econômico já desafiador, marcado por déficits crescentes e a pressão para alinhar as contas públicas às regras da União Europeia até o final da década.

Enquanto a oposição celebra a vitória, os desafios para o próximo governo são imensos, incluindo o delicado equilíbrio entre austeridade fiscal e a preservação de direitos sociais.

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