Avanço da ofensiva de rebeldes extremistas na Síria aumenta incerteza sobre o futuro do regime de Bashar Al-Assad


Neste sábado (7), os militantes armados chegaram à terceira maior cidade do país, Homs, e estão cada vez mais perto da capital, Damasco. Rebeldes extremistas chegam à terceira maior cidade da Síria e avançam em direção à capital
O avanço da ofensiva de rebeldes extremistas na Síria aumenta a incerteza sobre o futuro do regime do ditador Bashar Al-Assad. Neste sábado (7), os militantes armados chegaram à terceira maior cidade do país, Homs.
“Fora Bashar Al-Assad”: aos gritos, manifestantes derrubaram um dos maiores símbolos do regime Sírio, a estátua de Hafez Al-Assad, pai do atual ditador.
Isso foi em Jaramana, na periferia de Damasco, capital da Síria. Um sinal de que a dinastia Assad está ameaçada depois de 53 anos.
Em dez dias de conflito, os rebeldes já tomaram a maior parte do noroeste sírio. Na semana passada, Aleppo, segunda maior cidade do país, caiu para os rebeldes extremistas islâmicos do Hayat Tahrir Al-Sham, que surgiu a partir do grupo sírio afiliado aos terroristas do Al-Qaeda.
Aleppo, segunda maior cidade do país, caiu
Reprodução/TV Globo

Na quinta-feira (5), o mesmo grupo tomou Hama. Neste sábado (7), c hegaram a Homs e estão cada vez mais perto de Damasco.
Apesar da pressão, oficialmente, o regime sírio disse que Bashar Al-Assad continua no país, que há um cordão de segurança muito forte ao redor da capital e que ninguém conseguiria ultrapassar essa barreira militar.
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O porta-voz do Exército de Bashar Al-Assad fez um pronunciamento e disse que os rebeldes estão mentindo para espalhar pânico no país, e que as forças oficiais já mataram centenas de terroristas.
Mas as imagens mostram que os rebeldes se aproximam de Damasco com força. Os comboios do Hayat Tahrir Al-Sham chegaram a Homs com armas pesadas e drones.
Em Hama, os rebeldes mostraram que agora controlam a base militar da cidade e que tomaram caças do governo de Bashar Al-Assad.
Em Hama, os rebeldes mostraram que agora controlam a base militar da cidade
Reprodução/TV Globo
Outro sinal claro da fraqueza do regime é que o Irã, grande aliado do ditador, retirou comandantes da Guarda Revolucionária Iraniana que ficavam em território sírio.
E os vizinhos fecharam as fronteiras. Um deles foi o Líbano, que ainda se recupera do conflito entre o grupo extremista Hezbollah e o exército de Israel. O país espera um fluxo migratório grande de sírios que vão tentar fugir da nova escalada.
Diante da queda cada vez mais próxima do regime, representantes de três países se encontraram em Doha, no Catar. Participaram os ministros de Relações Exteriores do Irã e da Rússia, que são aliados do governo de Assad, e da Turquia, que não é aliada, mas divide uma longa e complicada fronteira com a Síria.
O russo Sergei Lavrov reforçou que apoia Bashar Al-Assad e que vai se opor ao avanço dos rebeldes de todos os jeitos possíveis, mas pediu diálogo com a oposição.
Também em Doha, o enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, disse que uma transição política no país nunca foi tão urgente e reforçou o pedido por calma, e para que os envolvidos evitem um banho de sangue e protejam os civis.
A guerra civil da Síria já dura 13 anos. Já deixou ao menos meio milhão de mortos. É um dos conflitos mais violentos do mundo no século 21 e, desde então, o regime de Assad se manteve com apoio militar da Rússia, que agora concentra esforços em outra guerra, com a Ucrânia.
Os Estados Unidos são inimigos de Assad, mas também não apoiam o principal grupo rebelde que avança pela Síria. A Casa Branca tem repetido desde o começo do conflito que apenas monitora tudo de perto, mas o próximo presidente americano já deu o tom de como vai tratar a crise.
Donald Trump foi a uma rede social dizer:
“A Síria é uma bagunça, mas não é nossa amiga”. E, com tudo em letra maiúscula, completou: “Os Estados Unidos não devem ter nada a ver com isso. Essa não é nossa luta. Vamos ficar de fora. Não se envolvam”.
O comandante do grupo extremista Hayat Tahrir Al-Sham anunciou que tomou controle total de Homs. O regime sírio não confirmou, mas autoridades militares sírias disseram à Agência Reuters que soldados e comandantes do regime de Assad já deixaram a cidade pelo sul. E fontes ligadas à milícia rebelde disseram que o grupo entrou no quartel central de Homs , tomou controle de um presídio perto de lá e libertou milhares de presos.
Os chefes da facção disseram que o objetivo é derrubar o governo de Assad e que falta muito pouco para chegarem à capital de Damasco. Eles afirmaram que não vão atacar escritórios do governo ou de organizações internacionais como a ONU e não pretendem usar armas químicas em nenhuma hipótese.
Já antevendo a chegada do grupo extremista, os moradores de Damasco , inclusive de bairros ricos, começaram a deixar a capital. O enviado da Casa Branca para o oriente médio Amos Hochstein disse que as derrotas do exército sírio não são uma surpresa porque, no começo da guerra civil, em 2011, eles tinham mais apoio de dois países militarmente mais fortes, o Irã e a Rússia.
Esses dois países publicaram um comunicado com outras seis nações do oriente médio em que pedem uma solução política para interromper as operações militares e para a proteção dos civis.
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