Com ajuda de Messi, MLS aumenta patrocínios em 13% neste ano

Lionel Messi desembarcou na principal liga de futebol dos Estados Unidos em 2023. Mas seu impacto continua se prolongando. Nesta temporada, a presença do craque argentino ajudou a elevar a receita da MLS com patrocinadores em 13%, de acordo com estudo da SponsorUnited, divulgado nesta semana. As cifras alcançaram US$ 665 milhões (cerca de R$ 4 bilhões). Foram analisadas 1.800 marcas e 2.500 negócios entre fevereiro e outubro deste ano, e as novas parcerias na competição foram de 18%.Os números só ficam abaixo da NHL, a liga de hóquei no gelo, dentro da América do Norte, com receitas estimadas de US$ 750 milhões (R$ 4,5 bilhões) nesta temporada. Se continuar com esse crescimento, será a primeira vez que uma outra competição passe a frente daquela que é considerada uma das principais ligas dos Estados Unidos, ao lado da National Football League (NFL), Major League Baseball (MLB) e a National Basketball Association (NBA).”É um atleta capaz de atrair os olhares do mundo inteiro para si em razão da carreira vitoriosa que construiu ao longo dos anos e pelo que representa fora de campo também. Os amantes do futebol influenciados pelo Messi continuarão a consumir tudo o que gira em torno dele, sendo de forma natural uma excelente oportunidade de popularização para a competição em nível mundial, sem falar na possibilidade da construção de um legado a curto e médio prazo tanto para ele quanto para a MLS”, explica Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo.A Apple TV, por exemplo, que transmite com exclusividade os jogos da MLS, obteve 110 mil assinantes somente no dia em que anunciou as transmissões, e quase 300 mil em um mês. A plataforma pagou US$ 250 milhões (R$ 1,5 bilhão) por ano para exibir a competição, por 10 anos de contrato, até 2033. O valor total de US$ 2,5 bilhões é praticamente o triplo do que se pagava anteriormente, na casa dos US$ 100 milhões (R$ 494 milhões).No início deste mês de outubro, a MLS divulgou mais um recorde: pela primeira vez mais de 11 milhões de espectadores estiveram presentes em jogos da temporada regular, superando 2023, com 10,9 milhões.”A chegada de Messi gerou dois efeitos muito interessantes para a liga americana. O primeiro, de mostrar aos norte-americanos, mas também ao mundo, que essa liga podia ter o atleta mais relevante do mundo na última década, e o mais premiado no século, chegando após conquistar seu título mais importante, e como protagonista de uma Copa do Mundo. Não é pouca coisa”, diz Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa que gerencia a carreira de centenas de atletas.”Toda comunicação do próximo jogo de Messi, que se trata de algo de demanda mundial, incorporava a menção não somente da equipe de Messi, mas do adversário dela. Imagine quantas centenas de milhões de pessoas ‘seguem’ o jogador em redes sociais e aplicativos diversos. Todas essas pessoas, a cada semana, passaram a conhecer uma franquia da MLS. Messi é atleta da equipe de Miami, mas anunciante de toda a liga”, analisa. Os números tem a ver diretamente com a presença de Messi, que tem levado uma média de 23.240 torcedores aos jogos da liga. O recorde, por sinal, foi numa partida do Inter Miami, quando 72.610 pagantes compareceram ao Arrowhead Stadium, casa do time de futebol americano Kansas City Chiefs, para assistir ao confronto contra o Sporting Kansas City.”Ter contratado um dos três maiores jogadores de futebol de todos os tempos previa um grande investimento e criatividade para convencê-lo do projeto. O Inter Miami foi ousado, venceu a concorrência, e continua tendo a oportunidade de crescer globalmente, além de atrair receitas de TV, bilheteria, licenciamento, patrocínios, além de outros negócios”, afirma Fábio Wolff, sócio-fundador da Wolff Sports, agência de marketing esportivo. “A enorme disputa para assistir Messi e o crescimento em receitas diversas comprova que o status de superstar do melhor jogador de futebol do mundo é capaz de atrair públicos que vão além dos amantes do futebol”, argumenta Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.Nas redes sociais, os números também cresceram: a visibilidade do TikTok cresceu 26%, o Youtube, 21%, e o Instagram, 10%. A consequência foi o aumento de 18 novos patrocinadores e 13% a mais em relação à temporada passada com receitas dessas propriedades.”As cifras milionárias ligadas a patrocínios, direitos de transmissão, venda de ingressos e produtos vêm lembrar que o investimento em grandes estrelas se paga e vai muito além da venda de camisas, comentário crítico recorrente em contratações caras. E também é importante ressaltar o crescimento do público nos jogos em casa do ano passado para esse, o que prova que trabalhos consistentes como o que vem sendo realizado pelo Inter Miami mantêm o interesse das pessoas para além do frenesi inicial causado por ídolos como Messi”, explica Alexandre Mota, diretor da End to End.Messi completou 1 ano de Inter Miami em julho deste ano, e junto disso, o valor de mercado do clube aumentou 72% de acordo com a Forbes, passando de US$ 600 milhões em 2023 para US$ 1,03 bilhão em 2024.Somente com venda de camisas de Messi, além de ingressos e outros serviços que estão interligados, o Inter Miami prevê até o final da temporada, receitas que cheguem a R$ 220 milhões, quase o dobro dos R$ 127 milhões arrecadados em 2023.Outros efeitos da ida dele aos Estados Unidos se deram na venda de camisas, quando em setembro de 2023, Messi já era o atleta com a camisa mais vendida no país. Um mês depois, em outubro, o jornal The New York Times noticiou que a Adidas recebeu quase 500 mil pedidos de lojas e fornecedores pela camisa de Messi no Inter Miami nos primeiros dias após ele anunciar a transferência. O faturamento com essas vendas, de acordo com a mídia local à época, chegaram a US$ 100 milhões (cerca de R$ 490 milhões).Dois meses depois da sua chegada ao Inter Miami, o número de seguidores do Inter Miami também explodiu, saltando de um milhão para 13 milhões no Instagram – hoje, o clube possui pouco mais de 17 milhões de fãs, se tornando a quarta franquia norte-americana com mais seguidores na rede social, atrás apenas de três times da NBA: Golden State Warriors, Los Angeles Lakers e Cleveland Cavaliers.”Os clubes, as ligas e as demais entidades norte-americanas têm trabalhado em conjunto para o fortalecimento do futebol local. A chegada do Messi claramente foi estratégica e contribuiu para esse movimento. A força dele não influenciou somente a MLS, mas também colocou os EUA em destaque no cenário esportivo”, aponta Joaquim Lo Prete, Country Manager da Absolut Sport no Brasil, agência oficial da Conmebol.
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