Ibovespa fecha em queda com mercado ainda reagindo ao Copom

Segundo análise de Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais, o Ibovespa caiu, principalmente após Copom sinalizar política monetária mais restritiva, o que redobra o desafio da bolsa brasileira de se manter positiva em dezembro.

O tom mais duro do comunicado do Copom, que além de aumentar a Selic em 1%, anteviu mais duas altas da mesma magnitude em janeiro e março nas próximas reuniões, levaria a Selic a 14,25% a.a., patamar mais alto da história recente, e que nao se repete desde o governo Dilma.

Na minha visão, essa postura do Copom reforça a dificuldade da política monetária em ancorar as expectativas de inflação, o que nas palavras do Comitê, só deve acontecer no segundo trimestre de 2026, se tudo caminhar bem. Isso realça os desafios enfrentados pelo Banco Central, e o momento de crédito caro no país, o que reduz a confiança e o apetite do empresário por novos investimentos na economia real, gerando assim menos emprego em renda. O Brasil assim como os EUA vai buscar o seu “pouso suave”, controlar a inflação sem gerar o efeito colateral da recessão econômica.

Nesse sentido, as ações de varejo como Carrefour, Pão de Açúcar Assaí e Magalu caem mais de 8%, pois menos crédito ou a um custo mais alto encarece o negócio delas, assim como o aumento de juros afetas empresas altamente alavancadas que passam a ver suas dívidas atuais e futuras ficarem mais onerosas.

Outro setor bastante afetado é a educação, em um país que historicamente investe em educação com a economia crescendo e o crédito mais barato. Além disso, a alavancagem das empresas deve subir também. Hoje Yduqs e Cogna caem. Para fechar o balanço negativo, o setor da construção civil deve sofrer com a Selic mais alta, já que a compra do imóvel depende de crédito, e está crescendo no país o número de leilões de imóveis por conta de inadimplência. Com isso, caem papéis do setor como DIRR3, EVEN3 e CYRE3.

Na ponta positiva do Ibovespa temos apenas a Hapvida com alta devido a expectativa de reajuste nos planos de saúde. A empresa se beneficia da estimativa de reajuste de 5,6% em planos individuais, reduzindo assim a pressão financeira com menores aumentos, mesmo com custos elevados, o que traz o segundo dia de alta forte para a ação.

Os juros futuros avançam com a abertura na curva, com o mercado se perguntando e tentando precificar a taxa juros terminal. Para completar o dia desafiador para o ambiente doméstico, o dólar virou para alta, acima dos R$ 6,00, mesmo com o BC vendendo US$ 4 bilhões em dois leilões de linha, mostrando que o câmbio não vai dar descanso para o real, e se novas medidas fiscais não forem tomadas, devemos seguir vendo a escalada da moeda americana.

Confira abaixo os dados de fechamento do Ibovespa e demais índices:

  • Ibovespa: 126.042,21 (-2,74%)
  • S&P 500: 6.051,28 (-0,54%)
  • Nasdaq: 19.902,84 (-0,66%)
  • Dow Jones: 43.914,33 (-0,53%)
  • Dólar: R$ 6,00 (+0,86%)
  • Euro: R$ 6,29 (+0,50%)

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