Federal Reserve corta juros e eleva projeções de inflação para 2025

O Federal Reserve (Fed) decidiu nesta quarta-feira (18) reduzir a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, levando a faixa de juros para 4,25% a 4,50%. A decisão, amplamente esperada pelo mercado, marca a continuidade da política de afrouxamento monetário, iniciada em setembro do ano passado, após uma escalada inflacionária que teve início em 2021.

O corte de juros representa uma tentativa do Fed de balancear a recuperação econômica dos EUA e, ao mesmo tempo, controlar a inflação. Apesar do ajuste, o banco central norte-americano elevou suas projeções para os próximos anos, sinalizando um cenário de inflação mais persistente do que o previsto anteriormente.

“Foi uma decisão esperada no sentido de corte de juros, mas eu acho que o mercado deixou um passar um pouco (0:07) que teria essas revisões no material de projeções”, avaliou Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.

“Mas não fazia mais sentido o cenário projetado pelo Fed em setembro, eles precisavam realmente dar algumas mudanças, principalmente na parte de inflação e juros, por isso eles aumentam a projeção da inflação do ano que vem de 2,1% para 2,5% , até mais do que eu imaginava, e para juros ano que vem eles sobem de mais ou menos de 3,4% , que seria quase como 4% cortes para o ano que vem, para 3,9% , que seria mais ou menos 3 cortes”, explicou o estrategista.

Projeções do Fed para inflação e taxa de juros em 2024 e 2025

Segundo as novas projeções apresentadas durante a reunião do Fomc (Federal Open Market Committee), a mediana para o índice PCE (Personal Consumption Expenditures), principal medida de inflação utilizada pelo Fed, foi ajustada:

• PCE 2024: previsão subiu de 2,3% para 2,4%;
• PCE 2025: expectativa saltou de 2,1% para 2,5%.

Esse aumento nas projeções reforça a preocupação com uma inflação que, embora em desaceleração, ainda se mantém acima da meta de 2% estipulada pelo Fed. De acordo com Gustavo Cruz, Para 2026, é bom lembrar que o presidente do Fed vai mudar e alguns dirigentes e que o Trump deve fazer algumas alterações importantes.

“Mas de qualquer maneira, eles ainda fizeram leves modificações nos juros para cima, de 2,9% para 3,4%, quase como se fosse fazer um leve ajuste de 25 para 26, e de inflação de 2 para 2,1. Com isso, é uma visão obviamente que já incorpora algumas das medidas do Trump como inflacionárias e limitando a possibilidade de corte de juros. A gente sabe que o presidente americano tem uma tendência de ir para o embate, se o Banco Central americano chegar ao longo do primeiro semestre e falar que já encerrou o ciclo de cortes, ele vai reclamar, vai falar que eles estão prejudicando, que eles deveriam cortar mais, que eles não estão ajudando”, explicou Cruz.

Gráfico de pontos do Fed indica juros acima de 3% até 2026

Outro destaque da reunião foi o gráfico de pontos, que mostra as expectativas individuais dos dirigentes do Fed para as taxas de juros nos próximos anos. A projeção para 2025 e 2026 indica que os juros podem permanecer acima dos níveis considerados neutros:

• 2025:
  • 10 dirigentes veem a taxa entre 3,75% e 4,00%;
  • 3 dirigentes projetam entre 3,50% e 3,75%;
  • 2 dirigentes esperam taxa abaixo de 3,50%.
• 2026:
  • 3 dirigentes projetam juros entre 3,75% e 4,00%;
  • 4 dirigentes preveem entre 3,50% e 3,75%;
  • 5 dirigentes indicam faixa de 3,25% a 3,50%.

Esses números refletem a cautela do Fed em relação ao futuro da política monetária, sinalizando que a redução dos juros será gradual e dependerá dos dados econômicos.

Impacto no mercado financeiro e cenário econômico dos EUA

A decisão do Fed de cortar os juros e ajustar suas projeções mostra que o banco central está adotando uma política equilibrada, buscando sustentar o crescimento econômico sem permitir uma nova aceleração da inflação. A sinalização de juros ainda elevados até 2026 pode impactar:

• Renda variável: o cenário de juros ainda altos pode manter investidores atentos à volatilidade.
• Renda fixa: ativos com rendimentos atrelados aos juros seguem atrativos.

Além disso, a persistência da inflação pode influenciar o comportamento do consumidor e das empresas nos Estados Unidos, elevando as expectativas para os próximos dados de emprego e consumo.

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