Varejo avança com apoio de veículos e farmácias; combustíveis recuam

O volume de vendas do varejo brasileiro cresceu 0,8% em março de 2025 na comparação com fevereiro, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo IBGE. Trata-se da segunda alta consecutiva, após avanço de 0,5% no mês anterior, reforçando uma leve recuperação no curto prazo. A média móvel trimestral encerrou o trimestre com alta de 0,6%.

No entanto, a fotografia anual ainda preocupa. Frente a março de 2024, o varejo recuou 1,0%, interrompendo uma sequência de nove meses de crescimento interanual. No acumulado de 2025, o desempenho ainda é positivo (1,2%), mas com sinais de desaceleração. Nos últimos 12 meses, o setor acumula alta de 3,1%.

No caso do varejo ampliado — que inclui veículos, motos, peças e material de construção — o avanço foi mais expressivo: 1,9% na variação mensal, mas também houve retração de 1,2% frente a março de 2024. A média móvel trimestral desse segmento fechou em 1,6%.

Varejo: alta pontual em março foi puxada por livrarias, informática e farmácias

Seis das oito atividades pesquisadas no varejo registraram crescimento em março, com destaque para o setor de livros, jornais e papelaria, que saltou 28,2% no mês. Também tiveram desempenho positivo os segmentos de informática (3,0%), outros artigos pessoais (1,5%), farmácias e perfumarias (1,2%), vestuário (1,2%) e supermercados (0,4%).

Por outro lado, móveis e eletrodomésticos (-0,4%) e combustíveis e lubrificantes (-2,1%) tiveram retração em março, o que indica ainda um consumo contido de bens duráveis e essenciais.

No varejo ampliado, veículos e peças cresceram 1,7% e material de construção, 0,6%.

Comparação anual mostra queda em cinco dos oito setores do varejo

Na análise interanual, os números são menos favoráveis. Cinco dos oito setores do comércio varejista apresentaram retração frente a março de 2024, com destaque para:

  • Livros e papelaria: -6,9%
  • Outros artigos de uso pessoal: -6,3%
  • Informática e escritório: -2,1%
  • Supermercados e alimentos: -1,4%
  • Combustíveis: -0,8%

A queda no setor de supermercados foi a de maior peso na formação do resultado global do varejo: -0,8 ponto percentual dos -1,0% registrados. Já os destaques positivos foram móveis e eletrodomésticos (+3,3%), farmácias (+2,1%) e vestuário (+1,4%).

Na comparação mensal, 20 das 27 Unidades da Federação registraram avanço nas vendas. Os maiores crescimentos ocorreram na Paraíba (3,0%), Goiás (2,4%), Piauí (2,1%) e Distrito Federal (2,1%). No campo negativo, os destaques foram Amazonas (-5,9%), Sergipe (-2,1%) e Rondônia (-1,2%).

Comércio enfrenta freio de arrumação

Embora os dados de março indiquem uma reação parcial do consumo, analistas alertam para os desafios estruturais do varejo em 2025: crédito mais caro, inflação persistente, endividamento elevado das famílias e queda de confiança.

O recuo anual e a desaceleração em setores-chave indicam que, mesmo com alguma tração no curto prazo, o consumo das famílias permanece pressionado. A depender da política monetária, da execução do plano safra e da retomada do crédito com segurança, o desempenho do segundo semestre pode seguir instável.

Opinião: resultado é positivo e consistente

Para Leonardo Costa, economista do ASA, mesmo com o dado do varejo vindo ligeiramente abaixo da mediana das expectativas (+0,8% ante +1,0%), o resultado de março pode ser considerado positivo e consistente. “Pela abertura e na comparação mensal, destaque para itens de vestuário e produtos farmacêuticos. O varejo ampliado tem tido mais volatilidade na comparação mensal, com destaque para a venda de veículos em março. Destaque negativo para combustíveis.”, avaliou. Para Costa, o ritmo das médias móveis trimestrais indica um primeiro trimestre mais robusto e com viés construtivo para o consumo no início do ano.

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