Mulher morre atingida por bala perdida na Vila do João


Secretário de Polícia Civil diz que bandidos podem ter atirado contra a população. Três pessoas morreram e 13 foram presas. Polícia faz operação contra o roubo de cargas e de veículos na Maré
Uma mulher morreu atingida por uma bala perdida na comunidade Vila do João, que faz parte do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, durante a Operação Torniquete feita nesta segunda-feira (9).
A informação foi confirmada pelo secretário de Segurança Victor Santos em uma coletiva sobre a ação da polícia. Segundo ele, uma outra mulher foi socorrida.
O secretário de Polícia Civil Felipe Curi disse que a hipótese inicial da investigação é de que traficantes do Terceiro Comando Puro atiraram contra a população. A tática dos criminosos já tinha sido vista no Complexo de Israel, também dominado pela facção.
“É o mesmo modus operandi da facção que pratica atos de terrorismo contra a população. A investigação da Delegacia de Homicídios vai seguir, e aquele outro evento tudo leva a crer que foi para atirar contra a população e desviar a atenção da polícia. É a nossa principal linha de investigação, mas nenhuma hipótese está descartada”, afirma Curi.
A Operação Torniquete combate o roubo de cargas e de veículos. Ao todo, três pessoas morreram e uma mulher estava internada. Treze pessoas foram presas, e 6 fuzis, 2 pistolas, 1 granada, 16 carregadores de fuzil, drogas, munição e dezenas de carros foram apreendidos.
Moradores relataram muitos tiros na Maré. Um forró acontecia no Parque União no momento da chegada dos agentes ao local. A Linha Amarela e a Avenida Brasil, duas das principais vias expressas da cidade, chegaram a ser fechadas.
Traficantes do Comando Vermelho (CV) eram procurados — entre eles, Rodrigo da Silva Caetano, conhecido como Motoboy, e Jorge Luís Moura Barbosa, o Alvarenga.
Os dois são responsáveis, entre outros crimes, “por arquitetar e gerenciar quadrilha de roubos de veículos e de cargas para financiar a ‘caixinha’ da referida organização criminosa, o que viabiliza a compra de armamento, munição e o pagamento de uma ‘mesada’ aos parentes de presos faccionados, bem como das lideranças da facção”, explicou a nota da Polícia Civil.
Motoboy e Alvarenga são alvos da operação da Polícia Civil
Reprodução
Um dos presos é o traficante Luiz Mário dos Santos Júnior, o Mário Macaco, do CV. Ele foi capturado em casa, com munição e granada.
Segundo a polícia, integrantes da facção que atua na Maré recebem ordens dos chefes do tráfico do Complexo da Penha — entre eles, Edgar Alves Andrade, o Doca — e “montam todo apoio logístico para que os integrantes da quadrilha de assaltantes, pratiquem seus delitos em diversos bairros do Rio de Janeiro e da Região Metropolitana”.
As investigações revelaram ainda a prática de várias atividades criminosas relacionadas aos roubos de veículos e de cargas, entre elas:
Armazenamento, transbordo e revenda das cargas roubadas para receptadores;
Clonagem de veículos para posterior revenda ou troca por armas e drogas;
Desmanche de veículos para revenda de peças;
Uso dos veículos roubados pelas quadrilhas para deslocamento e cometimento de outros crimes;
Cativeiro de vítimas sequestradas para realização de transferências via PIX.
Blindado da Polícia Civil na Operação do Complexo da Maré
Betinho Casas Novas/TV Globo
Desde setembro, já são mais de 250 presos, além de veículos e cargas recuperados, na Operação Torniquete.
Forró acontecia no Parque União no momento da chegada da polícia
Reprodução
Operação na Maré
Reprodução
Viaturas da Polícia Civil em uma das entradas da Nova Holanda, no Complexo da Maré
Betinho Casas Novas/TV Globo
Confronto na Penha
Na terça-feira passada (3), uma megaoperação na Penha, na Zona Norte, deixou 6 feridos, 1 morto e 13 presos. A Polícia Civil cumpriu mandados de prisão em outra fase da Operação Torniquete.
Chefes da facção eram procurados — entre eles, o traficante Edgar Alves de Andrade, o Doca. Os policiais também tentavam prender criminosos foragidos do Pará e do Ceará escondidos na Penha.
Além dos feridos, um bandido, ainda não identificado e com passagens por roubo de carga, foi morto durante confronto com policiais do batalhão de Olaria.
Doca, também conhecido como Urso, de 54 anos, seguia foragido até a última atualização desta reportagem.
Edgar Alves de Andrade, o Doca, procurado pela polícia por ser um dos suspeitos de chefiar invasões em comunidades do RJ
Reprodução
Segundo a polícia, ele tem uma longa lista de crimes nas costas:
mandou matar comparsas envolvidos nas execuções de três meninos em Belford Roxo;
“condenou à morte” bandidos que executaram por engano três médicos na orla da Barra da Tijuca;
tentou sequestrar um piloto de helicóptero da polícia para resgatar presos;
comanda a Tropa do Urso, responsável por invasões a dezenas de comunidades;
e mandou executar os homens que mataram os três meninos que desapareceram em Belford Roxo.
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